segunda-feira, setembro 17, 2007

Para além dos sentidos


Enquanto tiver a capacidade de me questionar, posso dizer que afinal não sou aquele caso perdido que pensava ser. Já passaram alguns anos desde que o meu cepticismo foi posto à prova, que a minha lógica foi confrontada com mais uma questão sem resposta, ou como me tento convencer, com uma incrível coincidência. Neste fim-de-semana que passou "senti" algo, alguma coisa alterou o meu estado de espírito tão rapidamente que poderia ser diagnosticada bipolaridade. Sem a intervenção consciente, tomei atitudes e percorri passos inéditos de maneira a satisfazer um ritual nunca antes celebrado.
Perguntei-me o que se estaria a passar e por que raio estava tão afectado com uma manifestação física de arrepio e a sensação inexplicável de que algo não estava bem. Como de costume ignorei e passei à frente porque não tinha lógica, nem mesmo nenhum cabimento especular sobre uma abstracção. No fim do dia, taciturno, respeitei o cansaço do meu corpo e adormeci.
Na manhã do dia seguinte recebo uma mensagem que relata a coincidência e esmaga-me a razão. Milhões de sinapses explodem na minha cabeça numa procura desesperada pela explicação, sinto ferver por dentro e o corpo toma o lugar do cérebro que em mais nada pode ajudar. Não explico, não compreendo, sinto um calor na cara e os olhos vertem um coctail de frustração e tristeza.
Agora que "já passou", tenho tempo de analisar e dar-lhe de novo o rótulo de coincidência. Só que desta vez estou a pensar nas outras vezes e de como as coincidências são casos isolados, raros e duma aparente simplicidade que assombra o mais céptico dos cépticos. Não são exactos nem precisos, pecam pela falta de detalhe e orientação, mas abusam da emotividade e fazem sentir tudo aquilo que não pode ser dito em palavras.
Assoberbado por perguntas sem resposta, forçado a olhar o dia com lampejos do sobrenatural, esfrego os olhos para focar de novo no que realmente sei que existe. Conforto-me com o trabalho, penso nos outros e no que lhes faz o dia ficar mais ou menos colorido. Digo uma piada ou duas mas não consigo evitar o fechar da minha cara.

Fico furioso! Não consigo racionalizar nem explicar nem mesmo teorizar! As coisas são como são e pronto. Explicar é infrutífero, cansativo e desnecessário.


Foi só mais uma coincidência...

1 comentário:

Flash disse...

Pois...

A cara fechada é que não me tem parecido ser coincidência.

Abraço