quinta-feira, setembro 13, 2007

Colour blind


A veia tem estado negra ultimamente, por isso decidi pingar este lugar com um bocadinho de cor a ver se animo as hostes (especialmente as minhas).
Como a expressão plástica nos pode elevar o espírito e quebrar os mais restritivos pensamentos que nos arrastam para baixo como se de uma grilheta se tratasse. Ver as cores, aproveitar o sabor e calor que nos transmitem sem no entanto lhes tocarmos, respirar a paisagem inspirada dum pintor qualquer, admirar os detalhes das mãos dos intervenientes na cena e o quão humanos nos parecem quando não passam de personagens de óleo ou acrílico....
Pode-se afirmar que o quadro poderá ser a janela com a paisagem de sonho ou o vislumbre da alma materializada de alguém. A escultura torna-se orgânica mesmo quando abstracta, fere os sentidos com a sua rudez e suplica-nos uma carícia nas texturas que a compõem. A fotografia será sem dúvida a única máquina do tempo que temos ao alcance de quase todos, perpetuam-se sorrisos e expressões, umas engraçadas, outras tristes, outras sem ninguém mas todas mostram como quem está por trás da camara vê o seu mundo e espreita o passado. A dança é a expressão física do som e das sensações que nos são transmitidas por uma música ou amálgama de sons que electrizam os músculos numa incontrolável vontade de seguir a melodia ou desmonta-la na arritmia do caos.
Da expressão plástica levamo-nos pelas ondas suaves dum blues ou soul que nos enternecem ou aquecem, dos arrepios dos violinos de Vivaldi às sérias ressonâncias dos violoncelos de Schubert, ao negrume cativante de Bach às epopeias de Verdi, todos eles são mestres na personificação dos sentimentos em música. O caótico mundo do techno que explora a nossa apetência mais animal pelos sons nas suas inúmeras variantes, a adrenalina que os músicos de rock e metal nos fazem sentir quando libertam as garras sobre a guitarra e como nos colam ao chão com as suas baladas inimitáveis.
Por vezes nem estes mundos são suficientes para nos afastar do facto de que por vezes, as cores são só cinzentos e a música será só um ruido ao qual nos habituamos e treinamos o ouvido para a esquecer.
Ultimamente não vejo as cores, nem me arrepio com a música. Parece-me que preciso de ser deslumbrado novamente por algo ou alguém. Queria ser miudo outra vez!!

Com a inspiração a preto e branco...

2 comentários:

Flash disse...

Pelo menos já não estás de olhos fechados...
Já vês!
Ainda a preto e branco, mas se esperares um pouco os teus olhos vão habituar-se à luz e diferenciarão todas as cores.
Espera um pouco.
Só tens que suportar a dor matinal dos olhos a abrir...

Grande abraço

Lurdes Pereira disse...

Parece-me que não deixaste de ser miúdo...Ele está é aprisionado por uma barreira de algum sofrimento...Esse é o risco de se ser adulto sem livro de instruções... Sem querer tornamo-nos carcereiros de nós mesmos e aprisionamos o mundo mágico que outrora nos deslumbrava...Há que diluir a nuvem que encobre o arco íris ,há que devolver a cor, á alma do dr Mendez...
Beijos coloridos