Ainda não foi há muito tempo que me relembrei de algumas coisas escritas no passado. Por causa de memórias hiperactivas tudo se desenrola como se fosse ontem. Escrevi uma vez que "Nós não vimos a este mundo para aprender, apenas para nos lembrarmos daquilo que sempre soubemos:" Isto dito por um tipo que é declaradamente cético e que acha que para tudo há uma explicação lógica, pode até ser que a resposta não seja conhecida na nossa geração, mas a humanidade vai responder aos mitos e lendas com uma certeza fria e desmoralizante da criatividade humana. A cada dia que passa ouve-se mais e mais o eterno queixume da complicação que a vida é nos dias que correm... mas... porque é que correm? Porque não páram para olhar para o lado? Comportamo-nos como as peças da máquina humana gigante que serpenteia por entre as nações alimentando outras máquinas ainda mais complexas e distantes fazendo de nós meros componentes dispensáveis.
O sr Giger é constantemente criticado por muitos por chocar na sua eterna junção a máquina ao ser vivo, ao criar o biomecanoide. Um retrato fiel dos dias que correm (mas.. porque é que correm?). Somos mais máquinas à superfície e deixamos que essa "pele" sufoque o brilho que guardamos no nosso interior. Não somos nem eternos nem indestrutíveis, por mais que criemos ou passemos para futuras gerações, será sempre distorcido o conteúdo pela percepção subjectiva do ser humano sobre uma perspectiva subjectiva de um ser humano com uma linguagem igualmente subjectiva.
Se regressarmos ao amanhecer da humanidade podemos ver como surgiram os comportamentos empreendeores, como surgiu o engenho, a invenção. Pela inocência e pela necessidade. Olhavam uma pedra e se esta tivesse uam forma actractiva seria um objecto estético, se fosse afiada seria tornada em ferramenta ou arma. O progresso baseou-se na necessidade durante milhares de anos. Com a invenção da escrita, a expressão plástica poderia ter o significado que queríamos e assim passamos para o futuro as nossas culturas, ideias, artes e eventos. Houve até uma era dourada que a invenção e o progresso eram motivados pelo sonho de ultrapassar os limites e as barreiras, que rápidamente de afogou numa "revolução industrial" que de "tão importante para a nossa economia global" fez das cidades os primeiros viveiros de biomecanoides...
O modo como uma criança pode olhar para um graveto e chamr-lhe varinha mágica, ou uma pedra ser um ser vivo, ou até um declive num terreno ser uma escalada duma montanha pode dizer-nos muito. Temos de deixar de olhar as coisas que nos rodeiam no seu todo complexo e olahr para o seu pormenor de simplicidade. Um automóvel possui mais de 5000 peças móveis, dessas, mais de metade quando isoladas, divulgam qual o seu funcionamento apenas pela sua forma, outra parte se explicada, será certamente compreendida como parte de um todo e qual a sua necessidade. Da mesma maneira, duma maneira geral, nas pessoas isoladamente podemos deduzir o que fazem na vida, mas outra parte terá de ser igualmente explicada pela sua aparência enganosa. Somos parte duma máquina maior que crava as unhas mais e mais profundamente no âmago do ser humano.
Não podemos deixar de ser parte da máquina, mas podemos olhar para nós com os olhos da criança, como peças simples da máquina e infinitamente complexas na alma. Dispamos a "pele" biomecanoide e sintamos o calor do sol na pele, o vento a arrepiar-nos e o som de um pequeno riacho que nos concretize nem que seja por um curto momento.
Sobre a simplicidade da complexidade teria muito mais para escrever, mas terá de ser depois, sem tanta mágoa. Tenho também de ser portador duma mensagem positiva, apesar de manter o mote de chocar e achocalhar as coisas...
Com sono me despeço.
1 comentário:
Dr. Mendez,
Permita que lhe diga que Vª Exª é um visionário!
(Abraço fraterno deste biomecanoide que muito o estima...)
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