Farto-me de pensar que a sociedade nos sufoca, que nos limita os horizontes e atrofia o pensamento. Hoje lembrei-me dum livro acerca de budismo zen, que dedicava uma considerável parte à visão periférica. Na cultura ocidental, diz-se que o essencial é invisível ao olhar, no oriente vão mais longe e dizem que não vemos o essencial porque não vemos um "todo". Temos os pontos em que concentramos a nossa atenção e o que os rodeia passa despercebido. Sem querer, ás vezes, apercebemo-nos de algo pelo canto do olho... mas depois de concentrada a visão "afinal foi só impressão minha!". Quantas vezes repetimos já e quantas mais repetiremos esta frase? Porque só conseguimos ve 16,7 milhões de cores isso quererá dizer que não haverá outras? E será que as cores que eu vejo são as mesmas que tu vês?
Temos a capacidade de apreender informação voluntaria e invonlutariamente, estranhamos o "cocktail" (e eu a dar-lhe com os recursivos estrangeirismos !!!) de imagens e acontecimentos que apelidamos de estranhos quando nos lembramos desses sonhos. A mente não pode ser só químicos e sinapses que em conjunto formulam o que designamos por saber. Isso seria a visão limitativa dos conceitos pré-estabelecidos pela "reputada" ciência e pelos inúmeros textos acerca do assunto. Quando penso nisto, entro em contradição! Sou realista e muito desligado das espiritualdades. Acredito na capacidade das pessoas serem muito mais do que acreditam poder ser. Acredito na hábil fluência de palavras que alguns possuem e encantam quem os ouve e quem os lê. Acredito no amor incondicional, porque um filho é a testemunha desse amor. Acredito na bondade e generosidade de alguns e temo pela sua segurança neste mundo "cão"! Leio e ouço dizer que o amor, a amizade e afectividade, o raciocínio, o pânico, o medo, a dor e outros apenas "acontecem" em áreas bem definidas do nosso cérebro. Que tais coisas são o resultado da acumulação de determinadas substâncias em conjunto com sinais eléctricos que acontecem entre os neuronios....
Pensem bem nesta última frase... parece muita presunção não acham? Que qualificações temos nós para podermos dizer como nos surgem as emoções? Que visão estreita e limitada é esta duma das obras primas da natureza? É preciso prestar atenção ao que se passa no canto do olho! Para que seria necessária a evolução da inteligência ao ponto que chegamos se o princípio de qualquer ser vivo na natureza é apenas a auto-preservaçao e a sua continuidade? Bastavamos ser capazes de caçar ou plantar e nos reproduzirmos e pronto!!! Para quê perder tempo cum um "melão" cheio de ideias e sonhos e esperanças? Um "melão" que já matou mais do que qualquer arma do mundo! Não pode ter sido por acaso, até o Carl Sagan dizia que na formação do universo nada foi por acaso. Olhem bem para o nosso mundo, olhem apara a variedade de formas, de seres e ambientes que aliemntam essa diversidade, olhem mas não tentem compreender, comtemplem apenas....
Experimentem ir para um sítio qualquer (sossegado ou não, até pode ser com vista para a VCI na hora de ponta!!!), sentem-se o mais confortavelmente possível e olhem em frente... tentem olhar para tudo sem lhes dar nomes ou qualidades... tentem olhar para uma árvore sem pensar que é uma árvore e tem folhas que podem verdes... libertem-se dos conceitos que foram criados para comunicar a nossa percepção da realidade. Usem a visão periférica! A linguagem que usamos limita a capacidade inata de sermos muito mais complexos e de comunicar vários pensamentos em simultaneo. As definições cerram-nos as portas de um quarto sem sabermos o quão grande é a casa e se é realmente uma casa. Os idiomas e vários tipos de escrita são a prova que em locais isolados uns dos outros, as populações humanas desenvolveram cada uma, uma maneira diferente de comunicar, com mais ou menos vocabulário pudemos então pasar mais mensagens e cada vez mais complexas... mas não o suficiente.
Olhem para o horizonte, libertem-se do vosso super-ego, das vossas aprendizagens e sintam como o campo de visão fica surpreendentemente aumentado. Absorvam a beleza das coisas sem lhes atribuir rótulos. Sintam cheirem vejam, toquem e ouçam, experimentem o mundo como uma criança que o descobre pela primeira vez.
A apelar para um mundo cada vez mais surdo, mudo e cego me despeço.
2 comentários:
Dr. Mendez, deixe que lhe diga uma coisa: V. Exª é uma pessoa de vistas largas!
E algo mais: gosto cada vez mais de o lêr.
Não pense em deixar de publicar. Eu arranco-lhe essa cabeleira toda!!!
Sim, sim, foi uma ameaça!
Abraço
Gostei do seu texto. O associo - e creio estar um tanto certo, com a meditação. Cheguei ao seu blog por meio de uma pesquisa no google sobre "olhar periférico". Os objetivos da minha pesquisa estão relacionados ao teor do seu texto... (Logo encontrei o texto certo...) Que, aliás, é muito interessante. Belo.
Parabéns.
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