terça-feira, agosto 21, 2007

"Palarelismo"


No dia a dia tive sempre uma forte componente do uso de imagens como forma de representar ideias ou sentimentos. Uma forma muito original de usar a já muito "original" expressão que uma imagem vale mil palavras. Tentei desta maneira "desculpar" a ausência de vocabulário ou a tenacidade necessária para esgrimir este nosso complicado português. Mas como velhos hábitos dificilmente se perdem, volto a recorrer a uma imagem para servir de rampa de lançamento para mais um "poste" (não vá eu cair na tentação do estrangeirismo de novo!).
Por vezes usamos os carris como forma de mostrar como há pessoas que vivem uma vida ao lado uma da outra mas nunca se encontram... ora, como na vida, também consegui desmistificar esta "crença" (há cerca de cinco minutos) de que o raio dos carris nunca se encontram !! Posso-lhes garantir que sempre fui acérrimo defensor da CP como veemente divulgadora do paralelismo das vidas e da ausência de contacto, estava mesmo prestes a dedicar esta "pérola" am esse mesmo facto, quando me esbarrei com esta imagem... Passei alguns segundos a fitá-la, depois retornei aos meus 20 anos e aos pensamentos que a solidão me conferia, depois reparei que certos pensamentos nunca deviam ser esquecidos. Pensei há coisa de 11 anitos, que os conceitos, tal como as regras são mutáveis e inconstantes, são todos postulados há espera que a nossa experiência ou sabedoria os ponha em questão ou os arrume duma vez por todas para o monte das teorias dementes e infundadas. Como é que raio eu poderia me sentir bem quando dois longos pedaços de aço provaram que os ditos afinal se encontram e cruzam!
As frases, mesmo quando simples, podem nos levar a um nível de esclarecimento muito elevado. Costumo dizer que a felicidade não é um estado mas sim um conjunto de situações felizes, mas agora tenho de acrescentar que a vida a dois (ou mais dependendo da geografia e do credo!) é realmente e graficamente uma linha da CP! Podemos vociferar barbaridades em como estamos em sintonias diferentes, ou que nunca nos entendemos, assim como enaltecermos o quão juntinhos estamos e como partilhamos tudo, mas a realidade é bem diferente. Somos indivíduos, somos entidades independentes e com desejos e sonhos diferentes. Não quer dizer que não possamos partilhar sonhos com alguém, significa apenas que também temos os nossos. Somos carris opostos numa linha que inevitavelmente se cruzará ao longo das várias estações e ramificações das linhas. Assim como a felicidade, a vida a dois nunca é contínua, é uma sucessão de cruzamentos que podemos e devemos aproveitar.
Ainda fazendo uso das imagens, poderão com todo o direito afirmar que as suas "estações" distam demasiado, ou que são carris de linhas diferentes, mas da mesma maneira que eu ponho em perspectiva tudo o que "sei", pode até ser que a estação esteja longe ou que o comboio vá bem devagar, ou ainda que seja uma linha sem estações e sem ramificações, mas tenham sempre em mente que até o comboio mais lento "une" os dois carris, e que nas linhas sem estações ou ramificações, os carris estarão sempre "presos" um ao outro cabe-nos descobrir porquê e lembrarmo-nos disso.
Ao olhar os carris para o horizonte, o ponto de fuga une-os inegavelmente. Pode até ser uma ilusão e como ilusão que é faz-nos mudar a perspectiva ou alimenta-nos a esperança, de qualquer maneira só temos a ganhar ao olhá-los assim.

Nota (O autor deste "poste" declara a sua idoneidade e a ausência de qualquer participação monetária, material ou sob a forma de serviços por parte da CP como forma de figurar neste "concorrido" pseudo-blog. Eu se tiver de viajar de comboio pago o mesmo que vocês !!!)

3 comentários:

Flash disse...

Eu bem me queria parecer que tu não eras informático!
Tu tinhas que ter alguma utilidade!
Afinal és Chefe de Estação e não dizias nada?
Ou então estiveste a escrever com a patroa ao lado e deste uma de "puxa-saquismo".

Tu?
Carril?
Dasssssse!!!
Se ainda fosse cascalho...

Abraço e continua a escrever que um dia ainda chegas ao NOBEL.
O Saramago não foi para Lanzarote?
Pois então, tu também vieste de uma região insular!
Não temas a concorrência.

Esteves Rey disse...

Caro Sr Flash, de maneira a salvaguardar o nível deste "blog", nao vou retribuir o facto de se ter referido a minha "pessoa" como calhau. Devo apenas dizer que o granito de faz dos nossos carris um meio mais seguro para viajar, são complexos e belos na sua constituição variada!!!
(viste? desta num tavas a espera!!)

Quanto ao Nobel, anseio apenas que um dia haja um nick com esse nome que comente o meu "blog".

Humilde e mineralmente me despeço

Dr Mendez

Lurdes Pereira disse...

Pois é...Bem difícil andar nos carris sem descarilar!E podes crer, que ao fim de 24 anos de "linha de comboio", ainda me pergunto o que me faz seguir este "meio de transporte"...A vida a dois não é nada fácil, especialmente quando não paramos nas mesmas estações...Mas a viagem, essa sem dúvida vale a pena!