sábado, novembro 24, 2007

Quente-frio


Entre nós existe luz, quente e aconchegante como se o amor pudesse assumir forma. Cola-nos os corações dispostos quando estamos juntos. Envolve-nos como nosso cobertor mais quentinho, protege-nos num casulo e deixa-nos descansar.
Entre nós dois existe luz, fria e distante que nos lembra que apesar de partilharmos o espaço, estamos em universos distintos. Arrefece-nos o espírito e como o frio cortante dos polos, faz-nos adormecer e desistir de lutar. Nesta luz, descansar é morrer, baixar os braços e deixar que o frio domine.

Quero só a luz quente, dou-nos calor do meu peito e aguardo nele a tua morada.

D.M.

terça-feira, novembro 13, 2007

Como te vejo


Não passa um dia que não te olhe à procura da definição do que vejo quando te fito. Poderia esbanjar linhas e linhas com os detalhes que acho interessantes sem nunca preencher o significado daquilo que realmente vejo em ti. Neste novelo de cordel remendado a que chamo mente, entre nós cegos e camadas de inutilidades, esgueiram-se rapidamente as palavras certas a dizer, fogem de mim como se do seu fim eu me tratasse. Parece-me que se as conseguir proferir
quebrar-se-á o encanto da incógnita que é o amor.
Vejo em ti o olhar agri-doce duma vida feita de marcas profundas que te fizeram a mulher que és hoje. Tremo quando o teu cheiro faz disparar todos os alarmes e quando o teu sorriso me hipnotiza o olhar. Na ponta dos meus dedos vive para sempre a memória da suavidade da tua pele e da textura dos teus cabelos. Ouço o bater do teu coração quando me colo ao teu peito e acalmo na doçura da tua voz. Vejo-te com os cinco sentidos e sinto-te mais do que nunca para além dos mesmos, quero inventar mil palavras novas para que compreendas o que quero te dizer, quero compor a melodia perfeita para que embales naquilo que sinto, quero-te bem pertinho para nunca mais te deixar de ver.
Vejo-te como alguém de quem gosto muito que faça parte da minha vida, vejo-te como alguém que pode voar bem mais alto e que ainda me vai olhar de cima mesmo durante os meus "voos".

Não te vejo... sinto-te.


D.M.

segunda-feira, novembro 05, 2007

AAAAAAAAAAAAAAAAAAGH !

Desculpem-me, mas hoje só vim aqui para gritar! AAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH !

Tenho dito!

D.M.

O infinito e o infinitamente complexo

Dei por mim a retornar à "laje" para deixar mais alguns pensamentos. Desde que aprendi a ler que tentei aprofundar o meu conhecimento do indefenivel, do inconcebível, do infinito e do espaço sem nunca imaginar o complexo e infindável universo das emoções. Passei tantos anos a olhar para fora, a observar os outros, a aprender com eles e com as suas vidas, a moldar o meu feitio ao que achei mais correcto, a postular sobre tudo e mais alguma coisa sem saber realmente que o maior mistério ainda reside no nosso ser.
Parece-me algo despropositado admitir que só há pouco tempo me comecei a conhecer verdadeiramente, a saber expressar e sentir as emoções como elas devem ser vividas. Enquanto crianças fazemos tudo isto de uma forma completamente instintiva, à medida que crescemos aprendemos a nos "defender" das agressividades do ambiente e desaprendemos a sentir. Depois de refinar os meus sentidos e sentimentos deixei de ter espaço para a variedade e para a expressão. Carrego ainda uma tonelada de coisas que quero exteriorizar e enfrento agora um único dilema, o de assoberbar quem amo com os anos de "arquivo" que anseio por mostrar.
É como aprender a andar. Começamos por passos pequeninos e depois tentamos sem nos segurar-mos à mesa, depois até damos uns passitos mais ligeiros mas sempre com cuidado para não cair e não se magoar. Sinceramente acho que já estou no "passito ligeiro", tenho medo de me magoar, mas o fascínio da descoberta faz com que a dor seja apenas útil na decisão do próximo passo e não na determinação do meu caminho.

Estou a descer às profundezas do meu ser, estou a deixar que espreitem... tremo! O meu amor vai-me valer! O meu monstro olha, desconfiado, esta abertura que agora mantenho, resmunga baixinho o temor que também sente mas não me vira as costas.


A imensidão dos sentimentos é apenas comparável à do universo, a complexidade do sentir no entanto, não tem par.

D.M.