
Dei por mim a retornar à "laje" para deixar mais alguns pensamentos. Desde que aprendi a ler que tentei aprofundar o meu conhecimento do
indefenivel, do inconcebível, do infinito e do espaço sem nunca imaginar o complexo e infindável universo das emoções. Passei tantos anos a olhar para fora, a observar os outros, a aprender com eles e com as suas vidas, a moldar o meu feitio ao que achei mais correcto, a postular sobre tudo e mais alguma coisa sem saber realmente que o maior mistério ainda reside no nosso ser.
Parece-me algo despropositado admitir que só há pouco tempo me comecei a conhecer verdadeiramente, a saber expressar e sentir as emoções como elas devem ser vividas. Enquanto crianças fazemos tudo isto de uma forma completamente instintiva, à medida que crescemos aprendemos a nos "defender" das agressividades do ambiente e desaprendemos a sentir. Depois de refinar os meus sentidos e sentimentos deixei de ter espaço para a variedade e para a expressão. Carrego ainda uma tonelada de coisas que quero exteriorizar e enfrento agora um único dilema, o de assoberbar quem amo com os anos de "arquivo" que anseio por mostrar.
É como aprender a andar. Começamos por passos pequeninos e depois tentamos sem nos segurar-mos à mesa, depois até damos uns
passitos mais ligeiros mas sempre com cuidado para não cair e não se magoar. Sinceramente acho que já estou no "
passito ligeiro", tenho medo de me magoar, mas o fascínio da descoberta faz com que a dor seja apenas útil na decisão do próximo passo e não na determinação do meu caminho.
Estou a descer às profundezas do meu ser, estou a deixar que espreitem... tremo! O meu amor vai-me valer! O meu monstro olha, desconfiado, esta abertura que agora mantenho, resmunga baixinho o temor que também sente mas não me vira as costas.
A imensidão dos sentimentos é apenas comparável à do universo, a complexidade do sentir no entanto, não tem par.
D.M.