
A espreitar da escuridão, a criatura outrora semente do mal ergue-se e reclama a minha atenção. Cobardemente invade os meus pensamentos e faz-me divagar sobre o sofrimento que posso causar a quem me consigo aproximar mais. Fantasio baladas negras de gritos enquanto desfaço em dor o olhar surpreendido de quem outrora confiara em mim. Sinto o estalar dos teus ossos debaixo do meu punho cerrado e deixo-te sem fôlego. A cada inspiração a dor aumenta e eu aperto mais para que saibas que não foi sem querer...
Sabes bem o que queres de mim. Alimentas o meu apetite de negrume e afias as garras a cada pulsar nervoso que manifesto ao imaginar o que crias para mim. Saboreio cada sensação, cada reflexo muscular que controlo, cada amargo que a doce me sabe na boca. Sabes que me enfeitiças e tenho de te contar para o mundo senão ao dormir me acompanhas e ao acordar não me deixaste ainda.
Sinto um malogrado prazer em imaginar atrocidades que fluem livres de censura quando menos espero. Cada palavra ou frase que se formam e se agrupam neste "nocturno" são notas duma obra irrepetível e insuportável por outros. Receio o que sucede quando sabem o disforme que me habita o pensamento.
Estava com saudades tuas monstro... bem vindo.
D.M.