terça-feira, maio 11, 2010

(in)Consciência



Nestes últimos tempos tenho sido confrontado com muitas verdades que me assombravam noutros tempos como possibilidades a temer. Para ser mais claro, acabo de assumir as minhas próprias fragilidades e aprendo, dia-a-dia, a usá-las para meu proveito. Parece-me ainda algo imprudente a exposição que me proponho, o instinto de auto defesa entra em acção e quase me escondo de novo.
A minha alma gémea ajuda-me a viver assim, frágil... humano. Começo a ver cores diferentes e os outros sentidos exaltam-se com a novidade de sensações antigas outrora ignoradas. Sinto-me um puto no meio do maior museu do mundo, recheado de imagens e esculturas, formas e cores para descobrir, um mundo de saberes e sabores que anseio avidamente. Vejo abstracção tornar-se surrealismo, cubismo encaixar-se no realismo e um sem fim de indefinições a tomarem forma pela mão e voz duma guia que nem suspeitava o ser. Ela leva-me devagarinho, porque tenho medo, sossega-me com seu olhar e sorrisos e faz-me confiar em cada passo que me guia. Leva-me pela mão porque na sua natureza achou-me perdido e decidiu imediatamente ajudar... mostra-me este novo mundo sem no entanto sequer suspeitar o quão distante dele estava, o quanto me sentia disforme perante a multiplicidade e complexidade do que agora contemplo com admiração.
Parei para olhar o primeiro quadro, é o grito, o sofrimento sonoro numa representação plástica inconfundível e cruamente verdadeira. Não gostei do que senti, gostei do que aprendi, do que me ensinaste a levar deste grito, deste medo, desta dor. Saíram pedras das minhas costas e, graças a ti, caminho mais leve rumo a uma consciência, uma percepção despida dum prefixo de negação que nunca havia visto antes.

Obrigado.

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