terça-feira, agosto 26, 2008

Estiveste sempre lá...


Apressei-me ao julgar-te traidor. Como um ignorante aproveitei a minha ira para te enviar para o fundo do poço mais remoto que consegui idealizar... Durante anos a fio segredaste-me como não podia deixar-me levar, que a emoção extrema é inimiga da razão, como seria fácil deitar tudo a perder. Foram precisos mais de 15 anos para me aperceber e lembrar como tinhas razão! Rugi alto e deixei que explodissem afluentes de ira e raiva contidos durante tanto tempo, derrubei muros e portões que guardavam o dique de profanidades que nunca deixei sair e prontamente enclausurei o meu alter-eu tão distorcido e feio como uma carranca, tão desprezado por tantos e apenas amado por mim.

Agora, com a serenidade que o tempo permitiu, olho para trás, vejo o que me quiseste dizer, sinto que afinal ainda tenho muito para aprender. Sei que juntos não vamos erguer mais muros ou portões, que vamos sim aprender com todas a criaturas vis, seres etéreos de chamas verdes, mantos negros de cegueira... eles vão sempre estar lá e contigo aprenderei como controla-los, como tu sempre o fizeste!

És disforme e repugnante, feres os sentidos dos que não te conhecem e nem por isso deixo de te aconchegar ao meu colo.

De ti esperava aquilo que proferi, fui aquilo que te chamam e não pareço, e tu foste o que eu aparento e chamo-te aquilo que fiz.

Obrigado pelo banho de humildade,

D.M.

1 comentário:

Red Light Special disse...

Ainda em lutas com o teu monstro? Digo-te somente que se essas lutas se revertem em banhos de humildade ou até em banhos de algo mais, então vale a pena.
Eu daqui vi o monstro a ir de férias e parece que foi com bilhete só de ida, tenho vontade de que não volte mais.
Beijos***