Não resisti ao luar. Tive de deixar as profundezas hoje para admirar uma lua cheia, amarelada envolta num véu de névoa que estende a sua luz ainda mais longe. A noite deixa de ser silenciosa e as luzes mesmo dos pontos mais distantes do universo cantam e dançam deixando rastos na memória. Fito o céu olhando o passado que pertenceu ao amanhecer da humanidade, e a um tempo em que ainda não existíamos. Fico mais e mais pequeno, fico insignificante, não percebo o meu papel nesta grandeza das coisas...
Imagino fixar o firmamento uma eternidade de noites, memorizando o percurso de cada furo luminoso no manto negro que me cobre. Fico imenso, sem principio nem fim, sem dor nem carência, sem ansiedade, apenas com o olhar fixo nos desdobrar de cada ponto em milhões de novos pontos até à dispersão me deixar de vez nas trevas. Flutuo alheio ao destino da humanidade, sem tempo.
Um arrepio dez-me recolher o pescoço para dentro da gola do casaco. Estou pequeno, infinitamente pequeno e não percebo o meu papel nesta grandeza das coisas.
D.M.
2 comentários:
Procura o papel da tua grandeza... não da que te rodeia. Só aí poderás entender que não és tão infinitamente pequeno como pensas.
Red kiss to u!
Gostei de ler:)
A LUZ QUE TE DEIXO É DA COR DA MINHA VIDA...)
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